Coincidentemente, também passei a colaborar com a Folha em março de 2022. Diferente de você, não era um colunista oficial, mas um colaborador de uma outra coluna – focada em viagens. Quando o colunista oficial demitiu-se meses depois, fiquei igual uma barata tonta até ser informado que meus textos – que sempre ficavam entre os mais lidos dentro do segmento de turismo – não seriam mais necessários. Eu ganhava R$ 100 por texto (dois textos por mês) e, evidentemente, também precisava emitir nota. Trouxe meus textos para o Substack e não poderia estar mais feliz – até Olimpíadas cobri devidamente credenciado através da newsletter. A Folha parou no tempo.
Eu não ganhava mal, achava justo para a minha contribuição de quatro textos mensais (um por semana). Eu ainda não cobro aqui no Substack, mas fechei anúncios no portal do São Paulo Antiga que me dão mais retorno em $ do que a Folha (e sem stress)
Trabalhei por alguns anos em um jornal no interior de São Paulo. Comecei como revisora (cargo visivelmente extinto dos jornais) e logo cheguei a Editora Chefe. Nesse posto aprendi sobre imparcialidade e principalmente sobre publicidade. Não se fala mal de quem banca a folha de pagamento do jornal. Até que chegou o ano de eleição municipal e o dono do jornal o desarrendou, o pediu de volta e demitiu todos que ali trabalhavam. Afinal, ano de eleição no interior a única coisa que interessa é dinheiro e a única coisa a se publicar é release.
Não leio a folha há muito...mas muito tempo. Só quando me mandam algo para ler. Meu pai foi assinante desde os começo dos anos 80 até os anos 2020 ... quando a visão deteriorada não o deixava mais ler. Manda seu contato pro ICL. Vai quê.
Jesus na cruz, socorro para essa experiência. Sinto por você e, também pela Folha. Sempre achei a Folha meio louca: fui chamada duas vezes (uma, quando era estudante de jornalismo e outra, quando ja estava na labuta). Nesta primeira vez, foca de todo, tive que fazer uma prova de "conhecimentos gerais", que eu chamei de "decorebas sem noção". Era pre-Google, meu computador, creio, um TK-3000, internet, discada.... As perguntas eram tipo de programa de auditório: em que ano aconteceu a Revolta da Chibata? Em qual cidade ocorreu a batalha mais longa da Revolução Federalista? Qual o nome do líder deposto na Guerra do Uruguai? E por aí a prova ia... Não passei - e fiquei pensando nos doidos varridos que "passaram". Na segunda vez, mesmo tendo sido convidada, após me informarem da vaga (na Ilustrada), fui avisada que teria que fazer a tal prova novamente. Falei passar bem e nunca mais voltei e nunca mais topei fazer entrevista alguma por lá. Jornalista não tem que fazer prova, tem que ter boas fontes. Décadas rolaram, eu me aposentei do jornalismo diário e, num belo dia, tive uma reunião com o Otávio Frias Filho (eu estava acompanhada de dois grandes juristas e era mais uma avec do que convidada). A mesma Folha, provavelmente, os mesmos computadores, o mesmo garçom que deve ter atendido o Octávio Frias de Oliveira... A conversa foi ótima, Otávio era muito inteligente e Cortez. Mas a sensação é de ter entrado numa pirâmide do Egito... O mundo era outro, e a Folha - ha tempos - passado mumificado. Meses depois, o Otávio Filho faleceu. Enfim... Da pujância arrogante do fim dos anos 90 para a decadência escancarada pós-crise cambial, o jornalismo desceu uma ladeira danada. E a moça que você cita, não resisti, fui dar uma olhadinha no Instagram e vi uma foto da bunda dela e outra em Caracas, com pôster do Hugo Chavez. Não é que a vida foi gentil com você?
Não me senti diferente de você como funcionária que fui. Muitos jornalistas se prendem a um suposto amor ao jornalismo quando, na verdade, somos apenas empregados de uma empresa privada que tem o lucro como objetivo
Eu imagino que muitos outros estão presos a esta situação mas não podem se libertar por conta de precisar do (pouco) dinheiro que recebem. Precarização...
Sim, eu pesquisei um pouco ano passado sobre essa questão da precarização da profissão de jornalista, não só dos ataques que sofreram ou assédio jurídico, como a questão da profissão em si e de assumir diversas tarefas.
Não vejo com bons olhos neste cenário, ainda mais um jornal grande ser parcial.
Olá, não cheguei a emitir NF para o jornal (sai eheheh) para outro eu emiti 35.01.02 - Serviços de assessoria de imprensa, sendo que a sugestão foi do meu contador.
que situação esdrúxula essa dos jornalões. parece que só conseguem alguma "relevância" lançando editoriais hediondos e matérias e colunas de gosto duvidoso. no mais, impera apenas a postagem caça-clique. lamentável.
Fiz jornalismo com o sonho da pessoa que lei folhinha todo sábado e folha teen toda segunda. Era meu sonho escrever para ilustrada ou mesmo uma coluna. Desde que me formei so me decepcionei com o mercado de trabalho editorial. Dois anos atrás cheguei a abandonar a escrita, achando que não era bem vinda. Hoje tento me recuperar aqui no Substack, mas do meu prazer em escrever e não do prazer em ser jornalista. Vejo meus amigos que estão na área e fico até mal como o criativo e investigativo morreu. Lembro como chegavam materiais de assessoria que eu literalmente tinha que revisar e colocar no ar e meu nome assinando algo que nem condizia com o que eu queria dizer. Média de 15 textos por dia!!! Óbvio que era PJ e trabalhava apenas 4 dias na semana para não ser CLT. Um portal de notícias que pertencia a UOL. Prefiro escrever aqui.
Entenderam por que os arautos e escribas das corporações empresariais de imprensa, junto com a casta burocrática, são obcecados com a tal “regulação” das redes?
Li seu relato atenta, pq sempre sonhei em trabalhar na Folha. E eu já sonhei trabalhar em outros lugares, que foram frustrantes tb. Talvez o jeito seja não criar grandes expectativas e ser surpreendido.
Excelente texto! É sempre bom ler relatos de amigos de profissão. Pergunta curiosa: quando vc abriu o MEI, qual CNAE vc preencheu para emitir a NF? Pois o MEI não costuma aceitar atividades ditas como "intelectuais". Sempre esbarro nisso, quando preciso emitir NF de atividade literária.
Seu texto explica muita coisa pra quem tá de fora como leitor apenas, o meu caso. Sempre achei muito confusa a curadoria de colunistas; tem texto que se sobrepõe, tem umas opiniões nada a ver umas com as outras à guisa de "diversidade", e tem texto objetivamente ruim mesmo. Passa mesmo a impressão de que não há uma visão unificada, e quando há, é subserviente aos grandes poderes de SP. Parece que os textos estão lá como caça-clique e só, e assim eu fui parando de me engajar com muito do material publicado pelo jornal.
A escolha de um colunista (nada contra ele) para escrever no meu segmento só atrapalhou. Não ocorreu curadoria, conversa nada... jogaram os dois aos leões.
Para mim foi uma grande alegria que terminou como uma grande decepção. O jornal não tem mais alma, especialmente no que tange a regional e cotidiano. Na minha próxima publicação a respeito vou deixar isso bem claro.
Coincidentemente, também passei a colaborar com a Folha em março de 2022. Diferente de você, não era um colunista oficial, mas um colaborador de uma outra coluna – focada em viagens. Quando o colunista oficial demitiu-se meses depois, fiquei igual uma barata tonta até ser informado que meus textos – que sempre ficavam entre os mais lidos dentro do segmento de turismo – não seriam mais necessários. Eu ganhava R$ 100 por texto (dois textos por mês) e, evidentemente, também precisava emitir nota. Trouxe meus textos para o Substack e não poderia estar mais feliz – até Olimpíadas cobri devidamente credenciado através da newsletter. A Folha parou no tempo.
Eu não ganhava mal, achava justo para a minha contribuição de quatro textos mensais (um por semana). Eu ainda não cobro aqui no Substack, mas fechei anúncios no portal do São Paulo Antiga que me dão mais retorno em $ do que a Folha (e sem stress)
Trabalhei por alguns anos em um jornal no interior de São Paulo. Comecei como revisora (cargo visivelmente extinto dos jornais) e logo cheguei a Editora Chefe. Nesse posto aprendi sobre imparcialidade e principalmente sobre publicidade. Não se fala mal de quem banca a folha de pagamento do jornal. Até que chegou o ano de eleição municipal e o dono do jornal o desarrendou, o pediu de volta e demitiu todos que ali trabalhavam. Afinal, ano de eleição no interior a única coisa que interessa é dinheiro e a única coisa a se publicar é release.
A Folha matou o Cotidiano pelo dinheiro da prefeitura de São Paulo. Essa semana saiu publi de 1 página ou meia todos os dias.
Não leio a folha há muito...mas muito tempo. Só quando me mandam algo para ler. Meu pai foi assinante desde os começo dos anos 80 até os anos 2020 ... quando a visão deteriorada não o deixava mais ler. Manda seu contato pro ICL. Vai quê.
Agora não tenho é tempo para um novo trampo, pq a agenda (QUE BOM) está bem cheia!
Jesus na cruz, socorro para essa experiência. Sinto por você e, também pela Folha. Sempre achei a Folha meio louca: fui chamada duas vezes (uma, quando era estudante de jornalismo e outra, quando ja estava na labuta). Nesta primeira vez, foca de todo, tive que fazer uma prova de "conhecimentos gerais", que eu chamei de "decorebas sem noção". Era pre-Google, meu computador, creio, um TK-3000, internet, discada.... As perguntas eram tipo de programa de auditório: em que ano aconteceu a Revolta da Chibata? Em qual cidade ocorreu a batalha mais longa da Revolução Federalista? Qual o nome do líder deposto na Guerra do Uruguai? E por aí a prova ia... Não passei - e fiquei pensando nos doidos varridos que "passaram". Na segunda vez, mesmo tendo sido convidada, após me informarem da vaga (na Ilustrada), fui avisada que teria que fazer a tal prova novamente. Falei passar bem e nunca mais voltei e nunca mais topei fazer entrevista alguma por lá. Jornalista não tem que fazer prova, tem que ter boas fontes. Décadas rolaram, eu me aposentei do jornalismo diário e, num belo dia, tive uma reunião com o Otávio Frias Filho (eu estava acompanhada de dois grandes juristas e era mais uma avec do que convidada). A mesma Folha, provavelmente, os mesmos computadores, o mesmo garçom que deve ter atendido o Octávio Frias de Oliveira... A conversa foi ótima, Otávio era muito inteligente e Cortez. Mas a sensação é de ter entrado numa pirâmide do Egito... O mundo era outro, e a Folha - ha tempos - passado mumificado. Meses depois, o Otávio Filho faleceu. Enfim... Da pujância arrogante do fim dos anos 90 para a decadência escancarada pós-crise cambial, o jornalismo desceu uma ladeira danada. E a moça que você cita, não resisti, fui dar uma olhadinha no Instagram e vi uma foto da bunda dela e outra em Caracas, com pôster do Hugo Chavez. Não é que a vida foi gentil com você?
Ótimo depoimento, obrigado! E ainda lembrei-me do saudoso Tk3000!
Me identifiquei muito
Não me senti diferente de você como funcionária que fui. Muitos jornalistas se prendem a um suposto amor ao jornalismo quando, na verdade, somos apenas empregados de uma empresa privada que tem o lucro como objetivo
Meio triste ler isso.
Um jornal importante está neste estado.
Apesar que fico com mais pena dos profissionais que devem sofrer com isso.
Eu imagino que muitos outros estão presos a esta situação mas não podem se libertar por conta de precisar do (pouco) dinheiro que recebem. Precarização...
Sim, eu pesquisei um pouco ano passado sobre essa questão da precarização da profissão de jornalista, não só dos ataques que sofreram ou assédio jurídico, como a questão da profissão em si e de assumir diversas tarefas.
Não vejo com bons olhos neste cenário, ainda mais um jornal grande ser parcial.
Triste esse tratamento viu…
Olá, não cheguei a emitir NF para o jornal (sai eheheh) para outro eu emiti 35.01.02 - Serviços de assessoria de imprensa, sendo que a sugestão foi do meu contador.
que situação esdrúxula essa dos jornalões. parece que só conseguem alguma "relevância" lançando editoriais hediondos e matérias e colunas de gosto duvidoso. no mais, impera apenas a postagem caça-clique. lamentável.
Minha próxima publicação aqui na newsletter vai dar imagem ao que você comentou...
Fiz jornalismo com o sonho da pessoa que lei folhinha todo sábado e folha teen toda segunda. Era meu sonho escrever para ilustrada ou mesmo uma coluna. Desde que me formei so me decepcionei com o mercado de trabalho editorial. Dois anos atrás cheguei a abandonar a escrita, achando que não era bem vinda. Hoje tento me recuperar aqui no Substack, mas do meu prazer em escrever e não do prazer em ser jornalista. Vejo meus amigos que estão na área e fico até mal como o criativo e investigativo morreu. Lembro como chegavam materiais de assessoria que eu literalmente tinha que revisar e colocar no ar e meu nome assinando algo que nem condizia com o que eu queria dizer. Média de 15 textos por dia!!! Óbvio que era PJ e trabalhava apenas 4 dias na semana para não ser CLT. Um portal de notícias que pertencia a UOL. Prefiro escrever aqui.
Entenderam por que os arautos e escribas das corporações empresariais de imprensa, junto com a casta burocrática, são obcecados com a tal “regulação” das redes?
Li seu relato atenta, pq sempre sonhei em trabalhar na Folha. E eu já sonhei trabalhar em outros lugares, que foram frustrantes tb. Talvez o jeito seja não criar grandes expectativas e ser surpreendido.
Excelente texto! É sempre bom ler relatos de amigos de profissão. Pergunta curiosa: quando vc abriu o MEI, qual CNAE vc preencheu para emitir a NF? Pois o MEI não costuma aceitar atividades ditas como "intelectuais". Sempre esbarro nisso, quando preciso emitir NF de atividade literária.
Seu texto explica muita coisa pra quem tá de fora como leitor apenas, o meu caso. Sempre achei muito confusa a curadoria de colunistas; tem texto que se sobrepõe, tem umas opiniões nada a ver umas com as outras à guisa de "diversidade", e tem texto objetivamente ruim mesmo. Passa mesmo a impressão de que não há uma visão unificada, e quando há, é subserviente aos grandes poderes de SP. Parece que os textos estão lá como caça-clique e só, e assim eu fui parando de me engajar com muito do material publicado pelo jornal.
A escolha de um colunista (nada contra ele) para escrever no meu segmento só atrapalhou. Não ocorreu curadoria, conversa nada... jogaram os dois aos leões.
Nossa, que tristeza! Um dos meus maiores sonhos era escrever para a Folha, não mais.
Para mim foi uma grande alegria que terminou como uma grande decepção. O jornal não tem mais alma, especialmente no que tange a regional e cotidiano. Na minha próxima publicação a respeito vou deixar isso bem claro.