O restauro vergonhoso do Viaduto Santa Ifigênia
Orçamento previsto de R$6.5 milhões estourou em mais de 50%
Encerradas as eleições de 2024 volto a escrever neste espaço e agora pretendo fazê-lo semanalmente, como sempre foi me desejo inicial. Falando do pleito deste ano, se o resultado para prefeito não foi o que eu esperava (trabalhei em prol da candidatura de Guilherme Boulos), ao menos enquanto a vereança saio satisfeito por ter ajudado a eleger e reeleger dois amigos que são nomes muito importantes para o cenário político paulistano: Toninho Vespoli (PSOL) e Nabil Bonduki (PT).
Por outro lado adianto que nas próximas eleições será muito provável que os leitores e leitoras aqui da newsletter me vejam como candidato, uma vez que me filiei a um partido político pela primeira vez, o PSOL, e devo disputar para deputado estadual daqui dois anos ou vereador em quatro. Me aguardem.
Antes de entrar no anúncio desta newsletter, o viaduto Santa Ifigênia, também quero anunciar que ela está mudando de nome. Um “rebranding” diriam alguns… ela se chamará “São Paulo Antiga & O Amigo da Cidade” nesta edição e, da próxima em diante, passará a se chamar apenas O Amigo da Cidade, que também é o novo nome do nosso canal no YouTube e das minhas redes sociais pessoais, como Instagram e X.
Por fim convido-os a assistirem e participarem neste domingo da minha primeira LIVE no YouTube, onde falaremos sobre os problemas e soluções para São Paulo, bem como o resumo do cotidiano da cidade na semana em patrimônio histórico, política, e noticiário. Espero vocês por lá é só clicar ai no convite:
E agora chega de prosa e vamos ao assunto principal desta edição na newsletter.
O RESTAURO FARAÔNICO DO VIADUTO SANTA IFIGÊNIA
Quem caminha pelas ruas da região central de São Paulo com frequência deve ter notado que, desde o início do ano, o viaduto Santa Ifigênia estava apenas parcialmente aberto e em obras. Anunciado com grande galhardia pela gestão municipal, o restauro do viaduto, inaugurado em 1913, teria um custo de R$ 6.5 milhões com previsão de entrega para agosto de 2024. Seria a primeira grande reforma desde a segunda metade da década de 1970, quando ela teve o tráfego de veículos proibido e seu piso de pastilhas instalado.
As pastilhas, aliás, era o grande problema que motivou a reforma. Afinal com mais de quatro décadas de pessoas caminhando sobre elas e apenas reformas pontuais, com reposição de peças soltas era natural que precisaria de uma grande reforma, que incluiria também a escadaria do xixi (que liga o viaduto a praça Pedro Lessa), a pintura de toda a estrutura e a recuperação de ralos e tubulações de escoamento de água.
Pois bem. A obra foi entregue com um certo atraso de pouco mais de 1 mês, o que é compreensível, e ao ser concluída em pleno ano eleitoral contou até com a instalação de uma placa com o nome do prefeito, o que chega a ser patético uma vez que placa de reforma de obra é tudo aquilo que o paulistano precisa.
Mas se o único problema fosse a placa estaria ótimo, não é mesmo? A questão é que os inconvenientes são muitos e mostra que a gestão Nunes, reeleita pelos paulistanos, parece ser releitura do que costumávamos ver nos anos de prefeitura e governo estadual de Paulo Maluf, com obras caras e muitas vezes defeituosas.
Era para ter custado R$ 6.5 milhões, mas…
Para começar observe o custo assustador da obra, cuja previsão inicial já era um tanto salgada: R$ 6.5 milhões. Acontece que o orçamento estourou de forma absurda beirando quase o dobro do valor inicial e atingindo nada menos que R$ 10 milhões. Como foi possível errar uma previsão a ponto de elevar tanto seu valor? É um mistério.
Mas não é um mistério que a obra foi muito mal executada, apresentando diversos defeitos em menos de um mês de concluída. Poucos dias depois da obra pronta fui procurado por seguidores do São Paulo Antiga que caminham pelo viaduto Santa Ifigênia com a denúncia que as pastilhas novas estão se soltando facilmente, apresentando já buracos no mosaico. Estive no local e pude constatar que estão tão mal colocadas e quase sem rejunte que estão se soltando se empurradas com os dedos. Agora imagine com pessoas caminhando e viaturas e skatistas passando por lá?
O vídeo abaixo, que gravei no local há 10 dias, mostra como essa obra foi um acinte aos cofres públicos e ao contribuinte paulistano. Recomendo que realmente assistam para entender a real dimensão desta obra tão cara e mal feita:
Por fim uma moradora de um edifício que tem saída para o viaduto me disse que em dias de chuvas o viaduto está ficando completamente empoçado, uma vez que o escoamento parece estar tampado com restos de massa de obra e sujeira. Inacreditável.
Acionei o gabinete do vereador Toninho Vespoli (PSOL) solicitando que seja apurado os motivos que levaram ao estouro do orçamento em mais de 50% do valor previsto e se a empresa que fez as obras tinha experiência em trabalhar com restauro, além de informar se há previsão de garantia da obra. Não é possível que uma obra de restauro feita corretamente apresente defeitos em menos de um mês, enquanto a obra original levou décadas para apresentar problemas.
Quando obtiver um retorno do gabinete e/ou da Prefeitura de São Paulo, soltarei uma nota para vocês.
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